Cannes, França – Sábado, 24/05/2025 – O cinema brasileiro alcançou um marco significativo no cenário internacional com a premiação de “O Agente Secreto”, dirigido por Kleber Mendonça Filho, na 78ª edição do Festival de Cinema de Cannes. A produção recebeu dois dos principais prêmios: Melhor Direção e Melhor Interpretação Masculina, concedida ao ator Wagner Moura, natural da Bahia. A obra também foi reconhecida com os prêmios independentes FIPRESCI, da crítica internacional, e Art et Essai, dos exibidores franceses.
Wagner Moura: da Bahia para o mundo
A vitória de Wagner Moura em Cannes consolida sua trajetória como um dos mais influentes atores brasileiros da atualidade. Natural de Salvador, mas foi criado em Rodelas, a 540 km da capital, e formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Moura tornou-se internacionalmente conhecido por papéis marcantes no cinema e na televisão. Agora, ao conquistar a Palma de Melhor Ator, inscreve seu nome na história do Festival de Cannes, sendo o primeiro baiano a alcançar tal feito.
O ator não pôde comparecer à cerimônia devido a compromissos de filmagem em Londres. O prêmio foi recebido por Kleber Mendonça Filho, que ressaltou a importância de Moura para o projeto, definindo-o como “um ator excepcional e um ser humano singular”.
Enredo e contexto histórico
O longa se passa em Recife, no ano de 1977, e retrata as tensões sociais e políticas do período da Ditadura Militar Brasileira. A obra propõe uma reflexão crítica sobre os mecanismos de repressão do Estado e os esforços de resistência civil à margem da legalidade.
Essa é a primeira colaboração entre Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura. O personagem interpretado por Moura representa a luta por justiça em tempos de censura e autoritarismo, reforçando o compromisso do filme com a memória histórica brasileira.
Festival valoriza cinema politizado
A Palma de Ouro foi concedida ao diretor iraniano Jafar Panahi, pelo filme Um Simples Acidente, produzido clandestinamente em Teerã. A presidente do júri, Juliette Binoche, destacou o papel de Cannes como espaço de liberdade estética e política.
Durante a cerimônia, Kleber Mendonça Filho discursou em português, francês e inglês, elogiando as “belezas do Brasil” e expressando o orgulho de representar o país na “catedral do cinema”. O reconhecimento de O Agente Secreto confirma a força do cinema brasileiro como instrumento de reflexão política e expressão artística internacional.
Outras premiações
-
Grande Prêmio do Júri: Sentimental Value, de Joachim Trier (Noruega).
-
Melhor Atriz: Nadia Melliti (La Petite Dernière).
-
Melhor Roteiro: Jeunes Mères, de Jean-Pierre e Luc Dardenne.
-
Prêmio do Júri: Sirât (Oliver Laxe) e Sound of Falling (Mascha Schilinski).
-
Caméra d’Or: President’s Cake, de Hassan Hadi (Iraque).
-
Melhor Curta: I’m Glad You’re Dead, de Tawfeek Barhom.
-
Prêmio Especial: Ressurreição, de Bi Gan (China).
Brasil em destaque
O Brasil foi convidado de honra do Mercado do Filme, consolidando sua relevância na indústria cinematográfica global. A conquista inédita de Melhor Direção por um cineasta brasileiro e a terceira Palma de Interpretação para o país confirmam o prestígio alcançado pelo audiovisual nacional. A Bahia, em especial, ganha visibilidade com a vitória de Wagner Moura, que se junta a Fernanda Torres (1986) e Sandra Corveloni (2008) no seleto grupo de atores brasileiros premiados em Cannes.
Principais dados por categoria
Filme premiado:
Prêmios recebidos pelo Brasil:
-
Melhor Direção (Kleber Mendonça Filho)
-
Melhor Ator (Wagner Moura, natural da Bahia)
-
FIPRESCI (crítica internacional)
-
Art et Essai (exibidores franceses)
Outros vencedores relevantes:
-
Palma de Ouro: Um Simples Acidente, de Jafar Panahi
-
Melhor Atriz: Nadia Melliti
-
Melhor Roteiro: Jean-Pierre e Luc Dardenne
-
Grande Prêmio do Júri: Sentimental Value
Contexto do filme:
Marco para a Bahia:
Próxima edição do festival:
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.
Fonte: jornalgrandebahia.com.br
Publicado em: 2025-05-24 20:06:00 | Autor: Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia |